Motta-Roth, Désirée. "Termos de elogio e crítica em resenhas acadêmicas em lingüística, química e economia". Intercâmbio, 6(2):793-813. São Paulo: LAEL, PUCSP. 1997.
TERMOS DE ELOGIO E CRÍTICA EM RESENHAS ACADÊMICAS EM LINGÜÍSTICA, QUÍMICA E ECONOMIA
Désirée MOTTA-ROTH (Universidade Federal de Santa Maria)
ABSTRACT: Research in Discourse Analysis has indicated the importance of studying functional-rhetorical features of genres in connection with parent discourse communities. This paper discusses how the study of the interplay between text and context can lead to a better understanding of variations within one academic genre across fields. Drawing from the Sociology of Science and Genre Analysis, academic disciplines are defined as discourse communities that act as powerful frameworks for meaning production in text. Sixty academic book reviews divided evenly among linguistics, chemistry, and economics are analyzed for their rhetorical structure and for the communicative goal of the genre, namely that of evaluating knowledge production.The book reviews in the corpus were expected to present certain general invariable features of rhetorical organization in content and form that allow writers and readers to recognize them as belonging to the same genre. At the same time, some variation was expected in features most closely associated with the traditions and conventions of the discourse community. The results indicated that textual features respond to the characteristic culture of each field and to institutional discourses. Consequently, teaching and research practices invovling academic written genres should consider disciplinary evaluative practices. These results may contribute to the debate about the definition of generic textual boundaries and the ethnographic character of genre studies.
0 Introdução
A concepção de gênero do discurso, conforme vista no passado por Todorov (ver, por exemplo, 1976) e Bakhtin (1986) e, mais recentemente, por Analistas do Discurso tais como Swales (1990; 1993) e Hasan (1985), parece comportar duas questões básicas: sistematicidade e variabilidade.
Sistematicidade diz respeito à maneira consistente com que a informação é organizada em textos classificados como exemplares de um mesmo gênero discursivo como o artigo científico, o resumo (ou abstract), ou ainda a tese e a dissertação acadêmica. Nesse sentido, é possível reconhecer exemplares de resenhas acadêmicas como pertencentes a um mesmo gênero discursivo por razões puramente formais tais como a inclusão em uma mesma seção dentro de uma revista acadêmica. Essa inclusão, no entanto, se dá a partir de um critério de similitude de objetivo comunicativo dos textos, isto é, todos os exemplares que se classificam como resenha acadêmica têm um objetivo comum de descrever e avaliar novas produções de conhecimento na forma de livro em uma determinada área.
Se, por um lado, essa consistência de objetivos é observada, por outro, ao compararmos resenhas coletadas em revistas acadêmicas de diferentes áreas, poderemos notar o componente de variabilidade que elas mantêm à medida que se atravessam as três fronteiras disciplinares em questão (ver, por exemplo, Motta-Roth, 1995b). Há, nesse caso, variações específicas no modo como resenhadores avaliam novos livros em cada disciplina. Essas variações são tanto no conteúdo proposicional das resenhas (tipo de elemento enfocado na avaliação do livro em cada área), quanto na estrutura textual propriamente dita. O argumento central proposto no presente trabalho, portanto, é que essas variações têm relação com os modos característicos de argumentação nas disciplinas em função da cultura disciplinar específica de cada área.
1 Termos de elogio e crítica
O argumento pela aceitação de novas publicações em resenhas acadêmicas parece levar em conta o que é considerado como (in)desejável ou (não)importante no aparato intelectual da área conforme representado no livro. Esses valores disciplinares são então expressos por intermédio de certos termos usados por resenhador/as para avaliar novas publicações. Tais termos, por sua vez, informam os critérios de adequação a serem aplicados ao se julgarem argumentos novos em uma dada cultura disciplinar (cf Toulmin, 1972, Kuhn, 1970). O conceito de termo avaliativo remonta à Retórica de Aristóteles (Livro I, 1991:48), onde o filósofo reconhece que usamos termos de elogio e crítica para demonstrarmos o mérito de uma dada pessoa ou coisa. No caso das resenhas, é possível notar-se que em determinadas passagens, há uma clara intenção de ir além da função de descrever o livro que o gênero também desempenha:
[C#2] This book reflects the varied research interests of the author. Its limitation for use as a textbook, in my opinion, is some lack of depth and rigor.
[L#11] The strength of these essays is that they cover central and difficult topics in language acquisition and that the positions they take are both plausible and provocative. ...A problem with the essays derives from the fact that they address a broad range of readers, including those who are likely to disagree on fundamentals and those (like myself) who share the same psycholinguistic world view...
O objetivo de passagens como essas é avaliar conforme evidenciado por marcadores metalingüísticos que indicam comentários valorativos e subjetivos tais como limitations, strength ou in my opinion. Os termos de elogio e crítica aqui discutidos são extraídos de passagens no texto que contêm comentários dessa natureza sobre o livro.
2 Metodologia
O corpus da análise compreende um total de 180 resenhas, representando uma soma de três conjuntos de igual número de textos extraídos das 30 revistas mais importantes, editadas em inglês, nas áreas de lingüística, economia, e química, conforme catalogação pelo critério de publicações internacionais mais citadas durante o ano (Garfield, 1991; 1989a; 1989b; 1989c; 1986).
Em primeiro lugar, um pequeno corpus de 20 textos, em cada disciplina, foi analisado qualitativa e detalhadamente em relação aos termos de elogio e crítica empregados por resenhador/as para avaliar livros recentemente lançados. Em seguida, com a ajuda do programa Microconcord de Scott e Johns (1988), um total de 180 textos foram quantitativamente analisados, com vistas a determinar a consistência de termos avaliativos nas três disciplinas. Finalmente, esses termos foram coletados e classificados em seis dimensões contrastantes que eles pareceram sugerir. Os resultados dessa classificação revelou uma consistência de valores formulados por resenhadores/as no interior de cada disciplina.
A hipótese básica é a de que a freqüência com que resenhador/as usam certos termos para avaliar livros e a natureza desses termos mais freqüentes podem, até certo ponto, indicar como o discurso avaliativo varia através de fronteiras disciplinares.
3 Variação nos critérios de adequação usados em resenhas em diferentes disciplinas
3.1 Economia: Persuasivo/Não-convincente, Atrativo/Desin-teressante
Em economia, um resenhador tem em alta estima um livro que considera persuasivo. Algumas vezes, o resenhador qualifica bem o livro conforme este oferece um tratamento matemático das questões econômicas:
[E#6] The book is well written, while the mathematics is by and large very neat and well presented.
[E#26] The treatment is rigorous and mathematically advanced...
Mais freqüentemente, no entanto, resenhadores tendem a enfatizar as soluções e justificativas racionais para questões econômicas, utilizando expressões tais como lucid exposition, plausible account, arguments specially persuasive, well justified:
[E#10] The book gives excellent overviews of key areas, and is full of sound judgments of their strengths and weaknesses.
Por outro lado, quando resenhador/as querem desacreditar um livro, eles o definem como não-convincente (book lacks a convincing e plausible measure of effects, denunciation unsupported and untenable, adventurous and eccentric treatment of materials):
[E#13] But the reader in search of serious applied economic analysis and ultimately a convincing and plausible measure of the potential welfare effects of completing the internal market in Europe will find himself or herself greatly disappointed.
Além de serem persuasivos, para receber uma recomendação positiva, livros devem apresentar características que se inscrevem no extremo atrativo do continuum Atrativo/Desinteressante. Expressões tais como neat formal model, magnificent book (updated and attractive), easily digestible e indeed highly attractive, sophisticated analysis, quite remarkable results, important set of issues is addressed tendem a enfatizar a elegância com a qual escritores tratam o tópico do livro.
A avaliação oposta é formulada através de expressões, tais como disappointing, frustrating, lacks interest, tedious recitation of statistics, book does not quite live up to its spirit, que enfatizam o desinteresse causado pelo todo ou por partes do livro.
3.2 Química: Compreensivo/Específico, Recente/Ultrapassado
Em química, a dimensão Compreensivo/Específico supõe termos que enfatizam a existência de uma abundância de informação como uma qualidade positiva do livro: comprehensive, highly condensed, systematic collection of literature references, discusses a number of topics, makes available at ones fingertips a wealth of information concerning a broad range of reaction types, surveys an extensive literature.
[C#26] The advantage offered by this miniature encyclopedia is that it gives comprehensive and reliable information at a glance.
A amplitude e o imediatismo no acesso à informação parece estar relacionada à rapidez com que a química de desdobra em novos tópicos ou sub-áreas. Assim, para um livro ser avaliado favoravelmente deve fornecer o relato mais produtivo de um grande número de tópicos e referências recentes.
Em contraste, enfatizando a necessidade de se ter o maior volume de informação possível num curto espaço de tempo, termos de crítica definem o livro como too highly specialized for the average chemist, only one passing reference:
[C#10] ...this is a very thin book that should be a bit thicker.
Comentários como o exemplificado por [C#10] indicam que o livro ou é muito específico e limitado, ou demasiado superficial, para acomodar a amplitude da área ou o avanço efetivo das questões relativas ao campo de conhecimento.
Esse ideal de amplitude e rapidez em química é reforçado pelo exame do tempo que separa a data de publicação do livro e de sua resenha. Um levantamento do período de tempo entre a publicação dos livros de química e a data em que foram resenhados revela que a referência à recentidade das publicações que aparecem nas resenhas responde às necessidades do contexto disciplinar mais amplo. Geralmente mais do que 60% dos livros são resenhados dentro do primeiro ano após sua publicação, enquanto a maioria dos livros em lingüística (78.7%) é resenhada dentro de dois a três anos depois de aparecer no mercado (Chen, 1976; Motta-Roth, 1995a). Em Economia há um padrão intermediário entre química e lingüística, com mais de metade dos livros (52.3%) sendo resenhados no segundo ano de publicação. Assim, rapidez em avaliar novas publicações não parece ser uma preocupação primordial em lingüística (ou mesmo em economia) como o é em química.
No contexto norte-americano de pesquisa, onde a maioria das revistas analisadas foi publicada, num período de dois anos, um livro de química de nível avançado se torna ultrapassado; em três anos, já é considerado obsoleto (Peter Smith, editor de resenhas do Journal of the American Chemical Society, comunicação pessoal, University of Michigan, dezembro/1993).
Em química, os programas de pesquisa parecem avançar rapidamente em expansões repentinas, conforme ilustrado pelo comentário dos resenhadores/as:
[C#11] It is scarcely possible to review the whole of the flood of published work in this field (about 10,000 papers have appeared in three years of research!).
[C#34] During the last fifteen years an explosion of literature in this field has been observed. In the ... fast growing carbohydrate field, excellent reviews are of great help.
Em lingüística, por outro lado, tal desejo de enfatizar a recentidade das referências não é tão evidente. Além disso, parece ser de domínio comum o fato de que, ao estabelecer um padrão, é no mínimo razoável que um livro permaneça como referência por muitos anos (for many years to come). Em [L#1], por exemplo, a pressão de mudança não parece um valor compulsório:
[L#1] The appearance of this collection of articles, edited by Ulla Connor and Robert Kaplan, marks an effort to extend the research field of text/discourse analysis...
Como resultado de um esforço individual de avançar o campo de conhecimento, a expansão da área em lingüística pode ser recebida como um tour de force especial de algum autor especialmente empreendedor.
A relevância que o campo de conhecimento assume em química pode ser contrastada com as outras duas áreas através de um simples teste de freqüência para a palavra field (campo de conhecimento) conduzido com a ajuda do programa Microconcord. As listagens de todas ocorrências no corpus (concordances) da palavra field indicam que ela aparece em química a cada 771 palavras, ou seja, duas vezes mais do que em lingüística (1,358 palavras), e mais de quatro vezes do que em economia (a cada 3,249 palavras). Essa freqüência mais alta parece indicar que resenhas ou, em última instância, avaliações de novas produções de saber em química são orientadas para a disciplina, i.e., o campo de conhecimento é especialmente significativo para os químicos. Isso talvez aponte para percepção dos químicos de que sua disciplina é uma cultura bem sedimentada, mantendo uma tradição e um fluxo de publicação que deve ser considerado e mencionado quando um livro novo é avaliado.
3.3 Lingüística: Claro/Indefinido, Demonstrável/Especulativo
O conhecimento tácito definido por Kuhn (1970:44) como conhecimento que é adquirido por intermédio da prática e que não pode ser articulado explicitamente é, até certo ponto, difuso na lingüística e disputas internas na disciplina são a regra (Harris, 1993). O que Becher (1987:273) aponta sobre sociologia parece se manter para lingüística: cada argumento tem de oferecer sua própria estrutura persuasiva, criando uma perspectiva individual do problema. De modo geral, os lingüistas demonstram grande preocupação com discussões sobre o estatuto do conhecimento, e o tratamento claro e detalhado dos tópicos é geralmente apresentado como uma qualidade desejada. Expressões tais como clearly written, meaningful, coherent, theoretically explicit são usadas para elogiar livros que definem conceitos e oferecem respostas definitivas. Por outro lado, termos que enfatizam a incerteza de abordagens lingüísticas aparecem sempre que se quer expressar desaprovação:
[L#5]... readers should not expect a completely coherent and definitive statement of what the functional principles are (...)and distinctions between descriptive generalizations and theoretical proposals are not always made clear.
[L#10] His vision of the "assignment" of conceptual elements to various types of display behavior and ultimately to vocalization appears to be a fuzzy vision indeed; the model is roughed out, but there is much room left for improvement.
Provavelmente de acordo com a tendência a aceitar como verdadeira ciência aquelas áreas onde as variáveis estudadas podem ser observadas (Redman, 1993:118), resenhador/as em lingüística adotam uma perspectiva que se pode chamar de mais indutiva, usando termos de elogio e crítica localizados na dimensão Demonstrável/Especulativo. Assim, considerar a abordagem do tópico do livro como demonstrável é sinalizar sua orientação para os dados, isto é, as idéias no livro são embasadas por exemplos. Esse caráter demonstrável empresta ao livro um alto valor, geralmente sinalizado através do uso de expressões relacionadas à variedade de exemplos como sharpens ideas into empirically testable hypotheses, cite examples to support point of view, examples [extracted] from actual texts, data-oriented, extraordinary amount of data. Por outro lado, para criticar, resenhador/as caracterizam livros com termos que sugerem um caráter especulativo: authors offer no evidence, [the book is] speculative in its conclusions, no empirical basis for claims, heavily biased, uneven data.
As resenhas de lingüística, analisadas no corpus, refletem uma tendência geral de enfatizar a validação empírica das teorias como forma de delinear a disciplina como um campo de estudo objetivo e científico. Concordances da palavra example (exemplo) nas três disciplinas indicaram que os resenhadores em lingüística usam a exemplificação mais consistentemente como uma estratégia de avaliação do seus colegas em economia e química. De fato, lingüistas usam a palavra example quase que duas vezes mais freqüentemente (uma vez a cada 492 palavras) do que químicos (a cada 819 palavras) e três vezes mais do que economistas (a cada 1.287 palavras).
Parece haver pelo menos três elementos básicos que subjazem a essa discussão das dimensões avaliativas em cada área, a saber: livro, campo de conhecimento e leitor. Em economia, há uma clara preferência por comentários que enfatizam o papel do escritor do livro na produção de novos conhecimentos.
[E#9] The book is far too important to end with a critical note. The author knows his subject very well and has the rare gift to present the arguments in a succinct and accessible manner without needing much mathematics.
[E#11] The author succeeds in making good sense of his answer to the puzzle of the 1980s: Why have the dramatic swings in the external value of the dollar had such limited real effects?
Enquanto que, em economia, autor e livro são apresentados como os elementos responsáveis pelo sucesso de uma nova publicação, em química, os textos enfatizam a relação que o livro novo mantém com a tradição literária da disciplina, chamando atenção para a significação da nova publicação para o campo de conhecimento:
[C#3] This work is quite theoretically oriented, as might be expected since Alonso is a theoretical physicist and March is a theoretical chemist. And since the majority of work in this field has been done by physicists, the literature referenced reflects this.
[C#11] The book is aimed particularly at readers who are already working in this field, but it also provides a valuable introduction to the very large and complex body of published work for newcomers to the topic.
[C#15] This has brought added urgency to the task of editing an up-to-date review of the field of anthracyclines, including all aspects from synthesis to clinical application.
Em resenhas de lingüística, o leitor é o foco de atenção tanto das críticas positivas, quanto das negativas:
[L#12] Ds Limbu-English glossary, which spans 145 pages, is equally committed to giving the reader an understanding of the totality of the Limbu experience. D generally succeeds in finding illuminating glosses, and for those culturally bound Limbu lexemes where the English language fails him, he produces hand drawings to help our understanding of these peculiar items of the Limbu environment and culture.
[L#11] A problem with the essays derives from the fact that they address a broad range of readers, including those who are likely to disagree on fundamentals and those (like myself) who share the same psycholinguistic world view.
O leitor é freqüentemente representado como um aprendiz que precisa de orientação para entender a informação contida no livro:
[L#9] The reader should be advised to consult instead the primary sources or even the secondary sources cited by Doe... Although the author makes a real effort to guide the reader from point to point, there are many places where we are told too much anecdotal, trivial, or irrelevant information.
Através da comparação desses termos avaliativos nos três campos de conhecimento, feita com a ajuda do programa Microconcord, chegou-se a alguns padrões consistentes. Se essas três áreas forem organizadas, por analogia, em um triângulo, pode-se sugerir que cada uma das três disciplinas se situe em um dos três vértices da figura conforme o foco de interesse adotado na avaliação:
Inserir aqui Figura A (ver última folha)
Palavras tais como book e author em economia, field e references em química, e reader e examples em lingüística, parecem representar o vocabulário mais característico em cada uma das áreas correspondentes.
4 Conclusão
Através da análise desenvolvida no presente trabalho, tentei explorar algumas das conexões entre traços avaliativos de resenhas acadêmicas em relação a diferentes culturas disciplinares. Essas conexões manifestaram-se nos modos distintos pelos quais resenhador/as, em cada disciplina, avaliam novas publicações. Diferenças nas escolhas de termos de elogio e crítica empregados em lingüística, economia e química, sugerem uma diversificação no modo de produzir conhecimento.
Se, por um lado, há uma orientação para a figura do autor do livro como a fonte dos argumentos contidos no livro, o ideal de persuasão em economia aponta para a ênfase na matemática (quantificação) e no método (princípios teóricos e evidências empíricas) no estudo das ciências sociais, provavelmente como uma maneira de assegurar que a disciplina seja considerada como "verdadeira" ciência. Em química, a avaliação está orientada para o campo de conhecimento como um todo, não se personalizando a avaliação como em economia. Além disso, recentidade na publicação é um critério decisivo de adequação, usado por resenhador/as ao produzir argumentos de elogio ou crítica a novos livros. Por fim, lingüistas consideram a conexão entre leitor e texto como fator prioritário na avaliação e enfatizam o caráter inovador de abordagens claras e testáveis como critério de adequação para novas publicações.
Conforme tentei mostrar, diferentes organizações epistêmicas em química, lingüística e economia, podem produzir diferentes configurações de elementos no texto. A análise apresentada aqui explora as conexões entre elementos textuais e culturas disciplinares em termos de tipo de informação que é considerado relevante em áreas acadêmicas específicas. Os diferentes modos de se propor e organizar conhecimento em química, lingüística e economia ficam refletidos nas diferentes configurações das práticas avaliativas das disciplinas.
Esse estudo assume relevância na medida em que possa fornecer, à pesquisa e ao ensino de leitura e redação em Inglês para Fins Acadêmicos, informações mais precisas sobre como gêneros do discurso acadêmico realizam uma dada função comunicativa em matrizes disciplinares específicas. Nesse sentido, é importante frisar a necessidade de que essas discussões sobre como podemos dar conta de práticas avaliativas no texto escrito sejam aprofundadas por estudiosos trabalhando com texto acadêmico no âmbito da Análise do Discurso.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARISTÓTELES. (1991) On Rhetoric:A theory of civic discourse. New York: Oxford University Press.
BAKHTIN, M. M. 1986. Speech genres and other late essays. Austin, TX: University of Texas Press.
BECHER, T. (1987) Disciplinary discourse. Studies in Higher Education, 12(3):261-74.
CHEN, C. (1976) Biomedical, scientific & technical book reviewing. Metuchen, NJ: Scarecrow.
GARFIELD, E. (1991) Science Citation Index: Five-year cumulation. 1985-1989. Source Index. Parts 42-54. Philadelphia: Institute for Scientific Information.
_____. (1989a) Social Sciences Citation Index 1988: An international multidisciplinary index to the literature of the social, behavioral, and related sciences. Source Index. Part 4. Philadelphia: Institute for Scientific Information.
_____. (1989b) SSCI Journal Citation Reports: A bibliometric analysis of social science journals in the ISI® Data Base. Social Sciences Citation Index 1988 Annual. Vol. 6. Philadelphia: Institute for Scientific Information.
_____. (1989c) SCI Journal Citation Reports: A bibliometric analysis of science journals in the ISI® Data Base. Science Citation Index 1988 Annual. Vol. 19. Philadelphia: Institute for Scientific Information.
_____. (1986) Social Sciences Citation Index 1986. An international multidisciplinary index to the literature of the social, behavioral, and related sciences. Part 7. Philadelphia: Institute for Scientific Information.
HARRIS, R. A. (1993) The linguistics wars. New York: Oxford University Press.
HASAN, R. (1985) Part B. In: M. A. K. Halliday and R. Hasan. Language, Context, and Text: Aspects of language in a social-semiotic perspective. Oxford: Oxford University Press. pp.52-118.
KUHN, T. S. ([1962] 1970) The structure of scientific revolution. Chicago: The University of Chicago Press.
MOTTA-ROTH, D. (1995a) Book Reviews and Disciplinary Discourses: Defining a genre. Trabalho apresentado no 29º. TESOL. Long Beach, California.
_____. (1995b) Rhetorical Features and Disciplinary Cultures: A genre-based study of academic book reviews in linguistics, chemistry, and economics. Tese de Doutorado. Florianópolis, Brazil: Pós-Graduação em Inglês, Universidade Federal de Santa Catarina.
REDMAN, D. A. (1993) Economics and the philosophy of science. New York: Oxford University Press.
SCOTT, M. and T. Johns. (1988) Oxford English Software: Microconcord 1.0. Oxford: Oxford University Press.
SWALES, J. M. (1993) Genre and engagement. Revue Belge de Philologie et dHistoire, 73(3):687-698.
_____. (1990). Genre Analysis: English in academic and research settings. Cambridge: Cambridge University Press.
TODOROV, T. 1976. The origin of genres. New Literary History, 6:159-70.
TOULMIN, S. (1972) Human Understanding: The collective use and evolution of concepts. Princeton, NJ: Princeton University Press.
ANEXO
Química (C#):
2. DILL, Ken A. 1990. Review of Lipid and biopolymer monolayers at liquid interfaces by K. S. Birdi. Journal of the American Chemical Society, 112(3):1299
3. KLABUNDE, K. J. (1990) Review of Electrons in metals and alloys by J. A. Alonso. Journal of the American Chemical Society, 112(4):1664
10. SCHUG, J. C. (1990) Review of Second quantized approach to quantum chemistry: An elementary introduction by P. R. Surján. Journal of the American Chemical Society, 112(15):5898
11. GRUEHN, R. (1990) Review of Copper oxide superconductors by C. P. Poole, T. Datta and H. A. Farach. Angewandt Chemie, International Edition in English, 29(1):111-12.
15. KROHN, K. (1990) Review of Anthracycline- and Anthracenedione-based anticancer agents by J. W. Lown. Angewandt Chemie, International Edition in English, 29(5):559-60.
26. WACHTER, J. (1990) Review of The elements by J. Emsley. Angewandt Chemie - International Edition in English, 29(4):701
34. KAMERLING, J. P. (1990) Review of Studies in organic chemistry, 36. Polysaccharides: syntheses, modifications and structure/property relations by M. Valpani. Recueil des Travaux Chimiques des Pays-Bas, 109(4): 307-309
Economia (E#):
6. Sabourian, H. (1990) Review of Foundations of the theory of general equilibrium by Y. Balasko. ECONOMICA, 57(1):131-33
9. VAN DE KLUNDERT, Th. (1990) Review of The new classical macroeconomics by K. D. Hoover. ECONOMICA, 57:137-38.
10. Driffill, J. (1990) Review of Lectures on macroeconomics by O. J. Blanchard and S Fischer. ECONOMICA, 57(2):269-70
11. THYGESEN, N. (1990) Review of Exchange rate instability by Paul Krugman. Journal of International Economics, 28 (1):18790.
13. Grossman, G. M. (1990) Review of The Economics of 1992: The E. C. Commissions assessment of the economic effects of completing the internal market by Michael Emerson, Michel Aujean, Michel Catinat, Philippe Goybet and Alexis Jacquemin. Journal of International Economics, 28(2):385-88.
26. WALKER, D. A. (1990) Review of Equilibrium Analysis: Variations on themes by Edgeworth and Walras by W. Hildenbrand and A. P. Kirman. Journal of Economic Literature, 28(4):1720-21
Lingüística (L#):
1. ENGBER, C. (1990) Review of Writing Across Languages: Analysis of L2 text by Ulla Connor and Robert Kaplan. Studies in Second Language Acquisition, 12(1):81-2.
5. GUNDEL, J. K. (1990) Review of Functional syntax: Anaphora, discourse and empathy by Susumu Kuno. Studies in Second Language Acquisition, 12(2):243-44
9. PARMENTIER, R. J. (1990) Review of Speak in the mirror by John Doe. Language in Society, 19 (1):91-94.
10. HICKERSON, N. P. (1990) Review of The linguistic construction of reality by George W. Grace. Language in Society, 19(1):94-8
11. GOODLUCK, H. (1990) Review of Cognition and language growth by Sascha W. Felix. Linguistics, 28:151-53.
12. MÜLLER-GOTAMA, F. (1990) Review of A grammar of Limbu by George van Driem. Linguistics, 28 (1):175-78.
________________________________________________________
autor/economia
campo/química leitor/lingüística
________________________________________________________
Figura 1 Foco de avaliação por disciplina