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CLIMA

Classificação

Segundo o sistema de Köppen, o Rio Grande do Sul se enquadra na zona fundamental temperada ou "C" e no tipo fundamental 'Cf" ou temperado úmido. No Estado este tipo "Cf" se subdivide em duas variedades específicas, ou seja, "Cfa" e "Cfb" (MORENO, 1961).
A variedade "Cfa" se caracteriza por apresentar chuvas durante todos os meses do ano e possuir a temperatura do mês mais quente superior a 22°C, e a do mês mais frio superior a 3°C. A variedade "Cfb" também apresenta chuvas durante todos os meses do ano, tendo a temperatura do mês mais quente inferior a 22°C e a do mês mais frio superior a 3°C.
Desta forma, de acordo com a classificação de Köppen, o Estado fica dividido em duas áreas climáticas, "Cfa" e "Cfb", sendo que a variedade "b" se restringe ao planalto basáltico superior e ao escudo Sul-Rio-Grandense, enquanto que as demais áreas pertencem à variedade "a", conforme o mapa.

Correntes Perturbadas de Sul

De acordo com NIMER (1990) são representadas pela invasão de anticiclone polar com sua descontinuidade frontal. A fonte desses anticiclones é a região polar de superfície gelada, constituída pelo Continente Antártico. De sua superfície anticiclônica divergem ventos que se dirigem para a zona depressionária subantártica, originando as massas de ar polar. Dessa zona partem os anticiclones polares que periodicamente invadem o continente sul-americano com ventos de O a SO nas altas latitudes, mas adquirindo, freqüentemente, a direção S a SE em se aproximando do trópico, sobre o território brasileiro.
De sua origem e trajetória (SO-NE), até chegar à Região Sul, derivam suas propriedades. Em sua origem, estes anticiclones possuem subsistência e forte inversão de temperatura e o ar é muito seco, frio e estável. Porém em sua trajetória eles absorvem calor e umidade da superfície morna do mar aumentada à proporção que caminham para o equador. De sorte que, já nas latitudes médias, a inversão desaparece e o ar polar marítimo torna-se instável. Com esta estrutura e propriedade, o anticiclone polar invade o continente sul-americano entre os dois referidos centros de alta subtropical, o do Pacífico e o do Atlântico, seguindo duas trajetórias diferentes: uma a oeste dos Andes e outra a leste dessa cordilheira.

A primeira trajetória é pouco freqüente. No inverno, a alta polar possuindo maior energia, percorre regularmente esta trajetória. Nesta situação, a frete polar estende-se da região subpolar ao trópico com orientação NNO-SSE, transpondo os Andes, dissipando-se em contato cm a convergência da baixa continental que, nesta época, está um pouco deslocada, a noroeste da região do Chaco, ao mesmo tempo em que o anticiclone subtropical do Atlântico Sul abandona o continente, deslocando-se para o oceano. Nessas circunstâncias, a precipitação pluviométrica é pouco expressiva por vários motivos: o ar quente da massa polar marítima, em ascensão dinâmica sobre a rampa frontal da frente polar, possui pouca umidade específica por se tratar de Inverno; o anticiclone polar, por seu trajeto continental, após transpor os Andes, possui também pouca umidade.
A segunda trajetória é bem mais freqüente no Verão. É ela a principal responsável pelas mais abundantes precipitações que ocorrem no Sul, dentre as quais os aguaceiros de grande concentração.
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Correntes Perturbadas de Oeste

De acordo com NIMER (1990) o sistema de instabilidade de O decorre do seguinte: de meados da Primavera a meados de Outubro, todo o território intertropical brasileiro é, periodicamente, invadido por sucessivas ondas de ventos de O a NO, trazidos por linhas de instabilidades tropicais. Trata-se de alongadas depressões barométricas induzidas em pequenas dorsais. No seio de uma linha de instabilidade tropical, o ar em convergência dinâmica acarreta, geralmente, chuvas e trovoadas, por vezes granizo e ventos moderados a fortes, com rajadas que podem atingir 60 a 90 km/hora.
Tais fenômenos são comuns no período que se estende de meados da Primavera a meados de Outono, porém são mais freqüentes no Verão, quando há um decréscimo geral da pressão motivado pelo forte aquecimento do interior do continente. À medida que a frente polar caminha para o Equador, as instabilidades tropicais se deslocam para E ou mais comumente para SE, acumulando, com nuvens pesadas e geralmente chuvas tipicamente tropicais. Tais chuvas se verificam, geralmente, no fim da tarde ou início da noite. Constituem as chamadas chuvas de verão, que ao contrário das chuvas frontais, duram poucos minutos, raramente ultrapassando uma hora.

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Aspectos Pluviométricos

Das regiões geográficas do Globo, bem regadas por chuvas, o Sul do Brasil é, segundo NIMER (1990), a que apresenta distribuição espacial mais uniforme. Com efeito, al longo de quase todo seu território a altura média da precipitação anual varia de 1,250 a 2.000 mm. Portanto, não há no Rio Grande do Sul nenhum lugar caracterizado por carência de chuva (mapa).
Para o autor, o relevo regional, caracterizado por superfícies e foras simples, não interfere a ponto de criar diferenciações muito importantes na pluviometria anual. Somente restritas áreas estão fora do balizamento de 1.250 a 2.000 mm. Em restrita área em torno de São Francisco de Paula, situada acima de 900 m de altitude, na borda da escarpa do Planalto das Araucárias, a barlavento das correntes perturbadoras de origem polar, chove 2.500 mm, aproximadamente, o mais alto índice pluviométrico da Região Sul.
Embora o relevo, por suas características gerais suaves, não exerça grande influência na distribuição da pluviometria, seu papel, neste sentido, mesmo assim se salienta, uma vez que as Planícies e Depressões Gaúchas e os Planaltos da Campanha e Sul-Rio-Grandense, embora possuam maior número de dias de chuvas proporcionadas pela frente polar, apresentam totais inferiores às do Planalto das Araucárias.
De acordo com MORENO (1961) há uma grande variação quantitativa de chuvas nas várias regiões do Estado. Assim, enquanto Santa Vitória do Palmar é a estação menos chuvosa com 1.186 mm anuais, São Francisco de Paula é a mais chuvosa, com 2.486 mm por ano. Entre estes dois extremos encontram-se valores intermediários. A região menos chuvosa com isoietas de precipitação de 1.200 e 1.300mm, localiza-se no litoral e no Sul do Estado, na divisa com a República Oriental do Uruguai.
Para MOTA et al. (1971) as chuvas ocorrem bem distribuídas durante todos os meses do ano. A amplitude de variação entre os meses de máxima e mínima não chega a ser significativa para caracterizar o clima como tendo um período chuvoso e outro seco.
A relativa uniformidade do regime de chuva do Estado não reside apenas nos índices dos totais anuais de chuva, mas, principalmente, na forma pela qual as chuvas se distribuem ao longo do ano, emprestando ao regime anual de chuva, um notável equilíbrio.
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Aspectos Térmicos

Segundo NIMER (1990), no Sul do Brasil a temperatura (apesar de sua diversificação espacial) exerce um papel no mesmo sentido da pluviosidade, ou seja, o papel de unificadora e uniformizadora do clima regional. Não obstante, isto não significa que os valores e comportamento da temperatura sejam semelhantes. Significa, apenas, que há uma relativa semelhança que não permite a determinação de áreas intra-regionais muito distintas, como se verifica em outras regiões geográficas do Brasil.
No que concerne à média anual da temperatura (mapa) nota-se que em nenhum local do Estado a temperatura média é superior a 18 ºC. Desta forma, as isotermas anuais são típicas da Zona Temperada e sua distribuição no Rio Grande do Sul está estreitamente condicionada à latitude, maritimidade (posição) e, principalmente, ao relevo (fator geográfico, por excelência).
Temperatura em torno de 18 ºC está compreendida, no Rio Grande do Sul, entre 300 m e o nível do mar no litoral e ente 500 e 200 m no interior. A temperatura anual de 16 °C abarca as áreas mais elevadas do Planalto das Araucárias, entre 750 e 700 m de altitude. A temperatura de cerca de 16 ºC compreende as áreas e os locais muito elevados sobre o planalto, principalmente, sobre a superfície de Vacaria, acima de 1.000 m.
É comum acreditar que nas regiões temperadas não existe calor, todavia na Região Sul do Brasil a inclinação dos raios solares, em dezembro e janeiro, é muito pequena, pois o sol incide, no Rio Grande do Sul, com inclinação semelhante ou menos do que no Equador, decorrendo daí que é comum a ocorrência de forte calor durante o Verão, quando se registram temperaturas em torno de 40 ºC.
No que diz respeito ao Inverno, em virtude do balizamento intertropical da marcha zenital do Sol, esta estação torna-se, evidentemente, mais longa e mais fria à medida que o observador se afasta do Equador. Daí decorre que se pode distinguir na zona temperada, uma área com Inverno pouco intenso e uma área com Inverno acentuado. A primeira área é subtropical e corresponde, do ponto de vista climático, mais ou menos às latitudes de 30 a 40°, enquanto que a segunda se estende até cerca do paralelo de 55°. A primeira distingue-se da segunda por uma freqüência bem inferior de descontinuidades de origem circumpolar e de participação de anticiclone polar que sucedem à passagem daquelas perturbações. Estes limites são mais válidos para o Hemisfério Norte. O Hemisfério Sul, sendo em média mais frio que o Hemisfério Norte, tem os limites de sua zona temperada ligeiramente deslocados para latitudes mais baixas do que aquelas acima citadas. No Hemisfério Sul, em virtude do notável fluxo de ar polar, o limite setentrional da zona temperada climática está situado acerca do trópico.
Embora o Sul do Brasil esteja situado na zona subtropical, o Inverno, na sua maior parte, é acentuado. De maio a agosto a temperatura média se mantém relativamente baixa por toda a área. Durante estes meses toda a região sente os efeitos típicos do Inverno em função das sucessivas e intensas invasões de frentes polares que trazem, geralmente, abundantes chuvas sucedidas por massa polar, cuja participação na circulação atmosférica regional é, pelo menos, igual à participação dos sistemas tropicais, acompanhada de forte que da de temperatura que, comumente, atinge a níveis poucos superiores a 0 ºC e, não raras vezes, descem a valores negativos, tornando notável a ocorrência de geadas. Estas características hibernais do clima regional são mais marcantes sobre o Planalto das Araucárias, o que exerce uma influência na diversificação climática do Sul muito mais através de sua ação sobre a temperatura do que sobre a precipitação pluviométrica.
Segundo os levantamentos de MOTA et al. (1971), efetuados no período de 1931 a 1960, a temperatura média anual do Estado varia de 14,5°C (São Francisco de Paula) e 19,8°C ( São Luiz Gonzaga e Uruguaiana).
A média anual das temperaturas mais elevadas varia de 20,3°C em São Francisco de Paula até 27,5 °C em Iraí. A média da temperatura mínima normal está entre 9,9°C e 15,3°C; a primeira ocorre em São Francisco de Paula e a segunda em Rio Grande.
O mês mais quente é janeiro, com temperatura entre 25°C e 33°C e o mês mais frio é julho, com temperaturas mínimas que oscilam de 4,0°C a - 2,7°C.

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Ventos

Segundo MOTA et al. (1971) o Estado localiza-se na zona subtropical de alta pressão, justamente na faixa divisória de influência dos eventos alísios e ventos de Oeste.
Esta posição implicaria que na metade do Estado dominassem os ventos alísios (do mar para o continente) e na metade sul, ventos de Oeste (do continente para o mar). Este comportamento não se verifica exatamente, uma vez que há predominância dos ventos do quadrante Leste, durante todo o ano, devido a fenômenos de alta e baixa pressão.
O Minuano, vento do quadrante Oeste, embora popularmente seja o mais conhecido, não aparece na figura, em virtude de sua periodicidade e curta duração.

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Geadas e Neves

A formação de geadas é um fenômeno normal no Rio Grande do Sul, dada sua latitude e orografia.
Para MOTA et al. (1971), as maiores freqüências de geadas são observadas nos municípios de Bento Gonçalves, Caxias do Sul, Vacaria e São Francisco de Paula, com número de ocorrência superior a 25 geadas por ano, devido à altitude em que se encontram. Por outro lado, no extremo sul do Estado, mais propriamente nos municípios de Santana do Livramento e Dom Pedrito, são observados valores semelhantes aos da região acima citada. Nestes municípios o fenômeno deve-se á latitude geográfica em que se encontram.
A precipitação da neve, embora registrada em mais da metade do Estado, ocorre com mais freqüência em uma área extremamente restrita. As regiões mais susceptíveis são apenas as situadas nos pontos mais elevados do Escudo e do Planalto Superior. Convém salientar, entretanto, que este fenômeno, mesmo nestas regiões não ocorre regularmente podendo passar-se vários anos que se observe qualquer ocorrência.
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Umidade Relativa

No Rio Grande do Sul o valor de umidade relativo do ar é muito elevado, pois variam de 75% a 85%.
Enquanto no verão e primavera os valores giram em torno de 68% a 85%, no outono e inverno estes se encontram entre 76% e 90%, sendo portanto relativamente estável durante as diferentes estações do ano.
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mapaClassificação Climática do Estado

Classificação Climática RS

 

 

 

 

 

 

Faixas de Precipitação Anual

Distribuição Pluviométrica

 

 

 

 

 

 

 

 

Comportamento da Temperatura
Temperaturas Médias